quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Poesia do dia: Nuno Júdice, poeta português contemporâneo



Caros alunos, demais leitores,



Nuno Júdice seja talvez o poeta   mais traduzido  dentre os  portugueses de hoje. 
Há quem diga que sua poesia  aproxima-se em muito da do  brasileiro João Cabral de Melo Neto. Conheçam 

 “Sinfonia para uma noite e alguns cães” 

De noite, um cão começa a ladrar; e,
atrás dele, todos os cães da noite
se põem a ladrar. Depois, o primeiro
cão cala-se. Pouco a pouco, os outros
também se calam, até que o silêncio
se instala, como antes de o primeiro
cão ter ladrado. De noite, não
é possível saber por que é que um cão ladra,
se o não estamos a ver. Talvez porque
alguém tenha passado por trás de um
muro; talvez por causa de um gato (essas
sombras que se esgueiram pelas portas).
Não é preciso encontrar razões concretas
para justificar a noite de todos os
cães: mas é verdade que um cão, quando
ladra, e acorda os outros cães, acorda
a própria noite, os seus fantasmas, o que
não se pode ver, isto é, o centro da
noite, o negro motor do mundo.

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