quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Poesia do dia: Maiakovski



Caros alunos, demais leitores,







Trago para vocês hoje um dos maiores  poetas do século XX:  Vladimir Maiakovski,  russo, também chamado "Poeta da Revolução", foi representativo de uma escola que rompeu com a tradição e gritou as agruras sociais . Deleitem-se !



Hino ao crítico

Da paixão de um cocheiro e de uma lavadeira 
Tagarela, nasceu um rebento raquítico. 
Filho não é bagulho, não se atira na lixeira. 
A mãe chorou e o batizou: crítico. 

O pai, recordando sua progenitura, 
Vivia a contestar os maternais direitos. 
Com tais boas maneiras e tal compostura 
Defendia o menino do pendor à sarjeta. 

Assim como o vigia cantava a cozinheira, 
A mãe cantava, a lavar calça e calção. 
Dela o garoto herdou o cheiro de sujeira 
E a arte de penetrar fácil e sem sabão. 

Quando cresceu, do tamanho de um bastão, 
Sardas na cara como um prato de cogumelos, 
Lançaram-no, com um leve golpe de joelho, 
À rua, para tornar-se um cidadão. 

Será preciso muito para ele sair da fralda? 
Um pedaço de pano, calças e um embornal. 
Com o nariz grácil como um vintém por lauda 
Ele cheirou o céu afável do jornal. 

E em certa propriedade um certo magnata 
Ouviu uma batida suavíssima na aldrava, 
E logo o crítico, da teta das palavras 
Ordenhou as calças, o pão e uma gravata. 

Já vestido e calçado, é fácil fazer pouco 
Dos jogos rebuscados dos jovens que pesquisam, 
E pensar: quanto a estes, ao menos, é preciso 
Mordiscar-lhes de leve os tornozelos loucos. 

Mas se se infiltra na rede jornalística 
Algo sobre a grandeza de Puchkin ou Dante, 
Parece que apodrece ante a nossa vista 
Um enorme lacaio, balofo e bajulante. 

Quando, por fim, no jubileu do centenário, 
Acordares em meio ao fumo funerário, 
Verás brilhar na cigarreira-souvenir o 
Seu nome em caixa alta, mais alvo do que um lírio. 

Escritores, há muitos. Juntem um milhar. 
E ergamos em Nice um asilo para os críticos. 
Vocês pensam que é mole viver a enxaguar 
A nossa roupa branca nos artigos?

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