segunda-feira, 2 de agosto de 2021

Artigo de Opinião

 Prezados alunos, caros leitores,



Segue mais um artigo de opinião, de um grupo nota 10,0 do período 2021.1. do BICT - UFMA

Parabéns a todos que se empenharam !



UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

BACHARELADO INTERDISCIPLINAR EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA

DISCIPLINA: Prática de Leitura e Escrita em Língua Portuguesa

Profa. Dra. Márcia A.G.Molina

Alunos: Emanuel Lopes Silva, Jorge Henrique Borgneth Santiago, Barbara Ellen Torres Cunha, Adilson Lucas Santos De Almeida

Data: 19.07.2021

Turma 01

Benefício Improvável

A arte e a ciência, muitas vezes, são vistas como pertencentes a universos opostos, tais visões, em diversos casos, são baseadas em um entendimento maniqueísta da realidade, em que elas não compartilham capacidades de inter-relação, separando a ciência, que é entendida como algo real, verdadeiro, racional, ao âmbito da arte, que é considerada ilógica e lúdica. Entretanto, como pode-se ver nos próximos parágrafos, utilizando-se de livros como a ‘’Psicologia de um vencido’’, ‘’SÍNTESE’’ e muitas outras obras de Augusto dos Anjos, Paulo Cezar Santos Ventura, além de outros famosos escritores, podemos quebrar esse juízo prévio, e ver como a literatura e a arte auxiliam a ciência na transmissão do conhecimento, facilitando sua didática, melhorando sua compreensão na realidade em que vivemos.

Primeiramente, como demonstrado no livro ‘’Ciência e arte: relações improváveis?’’, as ideias artísticas e científicas possuem coerência entre si, levando a interpretações semelhantes a respeito do funcionamento do universo. Desse modo, pode-se considerar que o vínculo dessas áreas é algo crível, como demonstrado por diversos autores portugueses, que possuíam conteúdos de física e outras áreas da ciência em seus poemas, que buscam atingir uma cultura que abrange as visões artístico-literárias e científicas, ao criar uma ligação entre ambos os âmbitos de conhecimento. Ademais, utilizando-se do argumento de S.Silva (2006), de que a ciência exige constantemente do cientista o recurso à imaginação, para a criação de pressupostos e teses, podemos evidenciar que, como a ciência  atua no desconhecido, o texto científico pode ser inexato, por mais rígidos que sejam os métodos de averiguação, pois a intuição é imprescindível na ciência, tanto quanto ela é na arte, demonstrando a ideia de complementaridade desses dois campos, para a implementação do saber científico. Dessa maneira, é importante notar que diversos poemas incorporam o conhecimento científico, como os citados anteriormente, que utilizam de nomenclaturas oficiais de espécies, fazendo com que a ciência seja incorporada em representações artísticas, como demonstrado na literatura da época renascentista, que fazia as descobertas científicas da época serem reverberados em textos poéticos, passados para a maior parte da população que possuía o conhecimento da leitura, distribuindo o conhecimento científico para as massas, popularizando-a de maneira a educar e a aumentar o interesse sobre o âmbito academial.

Outrossim, a poesia já influenciou positivamente a ciência, como foi o caso da Condessa de Lovelace, Ada Lovelace, que, com sua proficiência em poemas e poesias, utilizou-se de suas habilidades de escrita para formular o primeiro algoritmo a ser utilizado por uma máquina, se tornando a base de áreas como a computação e programação. Dessa maneira, tal ação revolucionária, que só foi possível pela inter-relação entre a ciência e a arte, demonstra como a união desses 2 campos podem ser benéficos para o futuro da humanidade. Além disso, outros encontros auxiliam a provar que a relação entre ciência e poesia já possui fundamento histórico, como alguns dos poemas de Dante Alighieri, cujo conteúdo apresentava a astrologia do Reino Ptolemaico, em italiano, auxiliando a difusão do conhecimento astronômico antigo para certas regiões da Europa, além do método científico arcaico utilizado por Francisco Redi, cientista italiano que escrevia suas teorias e experimentos empíricos sobre eventos naturais em alguns de seus poemas narrativos, que acabam por explicar suas descobertas, como a quebra da teoria da abiogênese, para a população italiana e europeia na época. De tal modo, podemos observar que a interligação entre a ciência e a arte é positiva a população.

Sendo assim, compreendemos que a parceria entre a arte e a ciência é algo possível, e benéfico, para a sociedade em geral. Nesse sentido, um texto que consiga abordar esses dois aspectos do conhecimento consegue criar um produto com riqueza cognoscitiva, que auxilia em uma educação muito mais profunda e didática do que apenas a ciência em sua base, facilitando a disseminação de conhecimento fora do âmbito acadêmico. Por conseguinte, combatendo a desinformação, que pode ser prejudicial em diversos níveis para a sociedade, como gerar mortes que poderiam ser facilmente prevenidas. Por isso, defendo o ponto que há a possibilidade de ciência e arte coexistirem, além de serem benéficas uma para a outra.

BRANDINO, L. Augusto dos Anjos, Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/literatura/augusto-dos-anjos-1.htm. Acesso em 19 jul. 2021

BRONOWSKI, J. Ciência e valores humanos. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 1979.

BRONOWSKI, J. O olho visionário: ensaios sobre arte, literatura e ciência. Brasília: UNB, 1998

BRONOWSKI, J. Um sentido de futuro. Brasília: UNB, 1977.

CEZAR,P. Ciência e poesia: uma conexão possível, 2021, Pensar a Educação em Pauta. Disponível em: http://pensaraeducacao.com.br/pensaraeducacaoempauta/ciencia-e-poesia-uma-conexao-possivel/

FERREIRA, F. R. Ciência e arte: investigações sobre identidades, diferenças e diálogos. Educação e Pesquisa. São Paulo, v. 36, n. 1, p. 261-280, 2010. Disponível em: » https://doi.org/10.1590/S1517-97022010000100005

GOUVEIA, R. S. Educação em Ciências, Cultura e Cidadania: A poesia na sala de aula. Gazeta de Física, v. 27, n. 4, p. 40-43, 2004

LIMA, GUILHERME DA SILVA, RAMOS, JOÃO EDUARDO FERNANDES e PIASSI, LUÍS PAULO DE CARVALHO. Ciência, poesia, filosofia: diálogos críticos da teoria à sala de aula. Educação em Revista [online]. 2020, v. 36. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0102-4698215986

MOREIRA, I. C.; MASSARANI, L. (En)canto científico: temas de ciência em letras da música popular brasileira. História, Ciências, Saúde - Manguinhos, v. 13(suplemento), p. 291-307, 2006 Disponível em: » https://doi.org/10.1590/S0104-59702006000500018

MOREIRA, I. C. Poesia na aula de ciências? A literatura poética e possíveis usos didáticos. Física na Escola. v. 3, n. 1, p. 17-23, 2002.

REIS, J. C.; GUERRA, A.; BRAGA, M. Ciência e arte: relações improváveis? História, Ciências, Saúde - Manguinhos, v. 13(suplemento), p. 71-87, 2006. Disponível em: » https://doi.org/10.1590/S0104-59702006000500005

SILVA, S. S. Narrativa literária e ciência. Ciência & Ensino, v. l, n. 1, p. 3-8, 2006.

ZANETIC, J. Física e cultura. Ciência e Cultura, v. 57, n. 3, p. 21-24, 2005. Disponível em: » http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0009-67252005000300014

ZANETIC, J. Física e literatura: construindo uma ponte entre as duas culturas. História, Ciências, Saúde - Manguinhos, v. 13(suplemento), p. 55-70, 2006. Disponível em: » http://dx.doi.org/10.1590/S0104-59702006000500004

ZANETIC, J. Física também é cultura. Tese (Doutorado). Faculdade de Educação da USP. São Paulo: Universidade de São Paulo, 1990.

 



Nenhum comentário:

Postar um comentário