Solicitei aos alunos do primeiro período uma resenha comparativa entre o filme: Um estudo em vermelho e o episódio Um estudo em rosa, um intertexto com o primeiro.... de Conan Doyle..... criador de nosso querido Sherlock Holmes.... vai aí, para os apreciadores, um excelente trabalho do Matheus para orientar a leitura dos interessados....
Resenha
Doyle,
Arthur Conan. Um estudo em vermelho. Londres,
Beeton's Christmas Annual, 1887.
Moffat,
Steven. Sherlock. UK, BBC One, 2010.
O
livro Um Estudo Em Vermelho, do consagrado escritor e médico britânico Conan
Doyle, conta a história do envolvimento do arguto detetive particular Sherlock
Holmes e seu companheiro Dr. Watson em um misterioso assassinato em Londres do
século XX. Muito bem narrada e com uma trama envolvente, a obra de estreia de
Doyle inspirou, no século seguinte, o primeiro episódio de Sherlock, uma
igualmente cativante série de televisão criada por Steven Moffat, roteirista e
produtor televisivo também britânico. A obra de Doyle, um relato das memórias
do personagem Dr. Watson, é dividida em duas partes com sete capítulos cada uma.
A primeira trata do passado recente do narrador - vindo da Segunda Guerra Afegã
com traumas físicos e psicológicos -, de como conheceu Sherlock Holmes e do
processo de investigação do misterioso assassinato, que termina com a captura
do criminoso. Já a segunda retrospectra a trajetória dos mórmons nos Estados
Unidos, delineando, com isso, a origem e os motivos que desembocaram no crime, contada
pelo próprio criminoso. Essas linhas gerais da primeira parte arcabouçam
exatamente toda a trama do primeiro capítulo da série de Moffat, que não abarca
as linhas gerais da segunda parte d’Um estudo em Vermelho. Isso porque as
premissas das histórias se diferenciam em demasia. Enquanto no livro é a morte
de somente uma pessoa o que desencadeia o mistério, na série o é uma sequência
de aparentes suicídios. Neste último, a investigação se foca no caso mais
recente, o de uma mulher vestida de rosa que sinaliza informações antes de
morrer; comparativamente, no outro, foca-se na morte de um senhorio de grande
porte igualmente envenenado. Além disso, nos dois crimes, apesar de os
protagonistas serem ambos homens espertos, eles têm motivações bem distintas
para tanto, a saber: a sede de vingança de um homem justo cuja amada fora
tomada após a morte do pai e a revolta de um psicopata solitário com uma doença
terminal. Não obstante as premissas, os fins também se diferenciam, tendo um
terminado na explanação dos processos mentais aplicados e em Sherlock desvendou
todo o mistério e o outro, numa perspectiva horizontal de aventuras investigativas,
o que se pode entender como o fio coesivo entre o primeiro e os demais
episódios do seriado. São ambas narrativas envolventes, durante as quais o
público é instigado, principalmente no livro, a desvendar o mistério junto ou
mesmo antes do próprio Holmes. A versão aqui lida é a traduzida, contudo isso
pareceu conservar o estilo do autor, e a escrita, objetiva mas expressiva,
conduz agradavelmente a leitura da história, mesmo com muitos erros de
digitação deveras incômodos observados. Apesar disso, deve-se relatar que,
principalmente os mais curiosos, os leitores certamente se impacientam ao
começo da segunda parte do livro do Doyle, quando, do freme da resolução do
mistério, no fim da primeira parte, é-se transportado ao século anterior, o que
causa a mesma sensação de ser interpolado por uma propaganda bem no meio do
ápice de uma história. E isso, também deve-se relatar, não consta no seriado,
que enlaça o público sem impacientá-lo desse modo. Salvo esses senões, ambas as
obras, com personagens bem construídos, atores muito competentes e estilos
definidos cativantes, são um deleitoso primeiro contato com as aventuras
intelectuais de Sherlock Holmes e Dr. Watson. Como bem disse o detetive
particular, "nada é pequeno para um grande espírito", por isso os
indico não só aos amantes do gênero, mas a qualquer um que queira se aventurar
bastante emocional e intelectualmente em poucas páginas ou em pouco mais de 60
minutos.
Matheus
Freitas Nascimento,
Graduando
em Bacharelado e
Interdisciplinar
em Ciência e Tecnologia.
15/06/2017.
Nenhum comentário:
Postar um comentário